sexta-feira, 17 de junho de 2011

Estiolado

(Bto, jan. 2011)

Nem tudo é o que parece.
Nem tudo parece quando foi.
De tão gradativo o consumo,
a coisa se esvai por completo.
E você nem percebeu.


Distraiu-se por aí.
Com coisas, lugares, fetiches.
E se esqueceu de olhar o espelho.
Arrumar a cama.
Fazer o chá.


Chamar o socorro
não poderia mais.
Não haveria quem lhe escutasse.
Não ouviria se outro alguém lhe gritasse.


Estava só - concluiu.
com dores impalpáveis
que erva alguma arrancaria.
Só o tempo e sua própria maturação.


Putrefaria? - questionou-se.
(O que separa o broto 
da decomposição?
Como expandir a mente
Sem explodir o crânio?)


Sobre uma pedra
fechou os olhos e silenciou.
Sem saber se estavas prestes a dormir
ou perecer.


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