sexta-feira, 31 de agosto de 2012


Havia 1 trilho, 
mas a estrada era looonga,
velha e estreita.
Recoberta de cinza,
fumaça e poeira.
Entre a bruma, por vezes,
me vi desolado, descalço,
sozinho.

Parei 1 pouco
repousei a fadiga,
refleti o espírito.
Vi a luz na neblina::
esqueci os espinhos.
Sem trem nem trio, por hora
as solas, em si, eram o melhor
caminho.







quinta-feira, 30 de agosto de 2012

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Aqui, acolá

Ali,
vive num lugar com nome de mato.
Na mata, se inspira e refaz.
Fazendas e rios lhe permeiam o sono
- sonho de de se reviver o campo, 
céu de se retroceder o tempo.

Canta, diz,
fala num tom próximo à de um elfo.
- Ela bem sabe o ponto onde tange sua foz.
Faz tempo que num espelho d'água
se viu.

~~"

Ele,
pousa num canto com nome de santo.
Sente, em seu próprio peito, um porto.
Pouco sabe das trilhas até o próximo encontro.
Enquanto fita, costura e sonha.
- Encantos de um carretel solto de linha.

Caminha, ri
peregrina em avenidas largas, estradas poeira.
- bem sente o mapa das mãos, pequenino canteiro
Campeiro nas estações, para a vida bem-vinda
partiu.




domingo, 5 de agosto de 2012

OPORTUNO APAGÃO

O que fazer quando a energia elétrica não está em casa?


Procurar uma vela, com o tato. Acendê-la num abrigo, seguro e alto. Refletir sobre as possibilidades que tangem sua luz. Logo antes, ainda no escuro, perceber a intensidade da lua - que está cheia, e livre da iluminação civil para lhe ofuscar o brilho. Sob o silêncio dos aparelhos de som e TV, ouvir os grilos; que até então, nem existiam pelo quintal. Ver um vaga-lume lumiar! - Nem soubera que os tais bixanos perambulavam sua fonte pelo passeio público..

Sob a luz da - então - meia vela, rascunhar um verso. Num riso só, notar como a sombra desenha no papel, a caneta sobre ele empunhada. Sentir-se em paz com o escuro da noite - se fosse sua, a única casa sob a penumbra, teria logo ligado para a empresa provedora de energia; mas toda a vizinhança comungava da mesma situação: estava amparada, então.

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A Luz voltou! Que pena... Mal tinha findado o poema!

De volta o som dos motores domésticos, a falação dos vizinhos - eles pareciam estar num tom mais brando, quando no escuro sozinhos...

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Pensara: que de todas as previsões já descritas pelo homem, o melhor apocalipse seria o fim da energia elétrica. Tentou imaginar como se sucederia tal fato, mas isso era coisa grande demais para um fulano comum - mesmo um beato: era coisa pra Deus. Não o diabo.

Sabia apenas que não haveria agito noturno. Certamente o PIB do mundo seria outro - as pessoas só trabalhariam ao Sol:: férias durante o outono. Seria reduzida a velocidade da informação; e o relógio contaria n'outro passo: viveríamos o tempo solto e brando, das pontuais estações do ano.

Não haveria TV, geladeira, quanto menos micro-ondas. Não haveria lâmpada. Só lamparina e prosa - leve e longa. Teríamos apenas o céu, a lua e o som dos tambores. Faríamos fogo, se preciso fosse.

Beberíamos água, direto da fonte. Teríamos o dia pra tudo; a noite, pro aconchego e descanso. Seria mais fácil apaziguar no crepúsculo. Seria mais doce comungar o fruto. Teria olho no olho, não dente por dente. Seria mais leve viver o infinito presente.