domingo, 10 de março de 2013

verdeverdade

Olha..

Nem sei bem o que lhe assola. Qual a densidade do barro que carregas nas solas. Dos solos por quais passeia e lhe penetram raízes, sombras, ramagens tortas.

Nem sei quanto tempo, qual o intento, o instante-momento das fugas e das carreiras mortas. Os brancos anseios, que lhe invadem os veios e velam a velhice, rangem a madeira da porta. Nos dias de frio, os vapores sombrios; a bruma cinzenta que anoitece, anoitece, anoitece........   
E não dissipa o vazio.

Mas vê: o vazio é brio! Por ali pulsa a seiva, passa o sangue, escorre o rio.

É, o vazio é pujante. É vida latente, é vazante dormente.
Tão nobre encargo, pelo vácuo guardado, que se esvazia o cheio do barro, pra se dispor a semente.

Generoso, em cada vão, o falto se doa aos grãos; dedicando-se a ser o que quer que seja.

Abstém-se em pausa, no contra-tempo da nota. Abre-se uterino, abrigando o germe divino.
Pra se matar a sede, entrega-se o copo ao vazio, em cúmplice e imediato deleite. - E é pelo oco do olho que se mira a luz, a matiz e a fonte.
Ora.. o vazio sequer existe. Só está quando da ausência de algum, quando nada ainda se entregara em presente.

Vê: o vazio é cheio! Repleto de possibilidades infindas - letras, lagoas, azuis, melodias.

"Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada", dissera Lispector. E é. O cheio, do vazio é fruto. Pra ver de verdade, dispõe o vácuo guardado. E vê, pois até pelo vão do espaço, lhe vejo: profundo em seu peito, pronto e fecundo canteiro. 
- Erva, amor e Luz *



sábado, 9 de março de 2013


Na varredura de verdades intangíveis, a arte inventa lugares, reinventa o mundo.
Quantos universos cabem nas entrelinhas de um livro?
Com quantas cores se edifica um sonho, num papel em branco?
Quais as chaves que desvelam o caminho da fantasia, da realidade impossível, transcendental?
Sempre 1 deleite surpresa, submergir no mundo d algum homem - quase - comum, q desenhou 1 dessas respostas:

Escultura em livros de Su Blackwell 
Para ver mais: http://www.culturainquieta.com/es/escultura/item/2046-su-blackwell.html

Clareia - 2009


Entre ser e estar
um pingo
uma luz
um tom.

Um som e um sonho

q ressoa e encanta:
amanhece.

***


segunda-feira, 4 de março de 2013

A cruz e o espelho


Pela janela, na BR, refletia - com os olhos fixos no Cruzeiro do Sul: 'curioso.. o tempo passa, o mundo muda; e esse Cruzeiro sempre ali: apontando pro mesmo lugar, ao longo dos anos que correm milênios.."
Eis que, do nada, quase ao lado, despontou a Lua - gigante. Meio vermelha, quase inteira. Era como se dissesse exatamente o contrario: 'o mesmo escuro no céu, o horizonte sempre igual e ela lá: diversa a cada aparição..'. 
Em intensidade de luz, o satélite sozinho correspondia àquele punhado de estrelas em conjunto - tinham praticamente o mesmo peso.
Era o contraponto estático um do outro. O oposto elementar; a variante que complementa.



Patchwork


com olhar cor de âmbar
envolvente das notas
e coincidentes histórias
Fez-se pesponto ébrio
- linha solta na trama
de uma noite sem rumo
madrugada sem sono..
Respiração, Anafaia.